Identificação e controle de capim-amargoso (Digitaria insularis)

Capim-amargoso: dicas de como identificar e controlar essa planta daninha. 


No texto de hoje separei dicas para identificar o capim-amargoso e como fazer o controle durante a entressafra e nas culturas de milho e soja.


O nome científico do capim-amargoso é Digitaria insularis.


O nome comum varia conforme a região, você já pode ter escutado falar sobre ele como: amargoso, capim-açu, capim-amargoso, capim-flecha, capim-pororó, milheto gigante e vassourinha.


O capim-amargoso é uma gramínea pertencente à família Poaceae.


Vamos ver agora algumas características e fotos que ajudam na identificação no campo!


Características botânicas do capim-amargoso


  • É uma gramínea entouceirada;

  • Apresenta caule subterrâneo do tipo rizoma;

  • Colmos aéreos, cilíndricos e canaliculados que podem chegar a 1 metro de altura, pouco ou nada ramificado;

  • Folhas com bainha aberta que envolve quase todo o entrenó, lígula membranácea curtíssima e colar evidente;

  • Lâmina linear lanceolada com esparsos pelos em ambas as faces e margens finamente serrilhadas;

  • Inflorescência do tipo panícula ramificada e terminal, constituída por numerosas espigas, compressas quando jovens e laxas e pendentes para um lado quando adultas;

  • Espigas de coloração branco-prateada contendo numerosas espiguetas rodeadas por pelos sedosos;

  • Fruto do tipo cariopse.


Capim-amargoso em estágio inicial de desenvolvimento.

Foto: Ana Ligia Giraldeli.


Características que dificultam o controle de capim-amargoso


  • planta anual, que pode ter ciclo perene;

  • reprodução por meio de sementes e rizomas (estruturas de reserva subterrâneas);

  • os rizomas são formados a partir dos 45 dias após a emergência do capim-amargoso;

  • sementes fotoblásticas neutras (indiferentes quanto a luz, porém a germinação é um pouco maior na presença de luz);

  • sementes em profundidades maiores de 4 cm têm sua germinação prejudicada;

  • grande número de sementes (mais de 100 mil por inflorescência) que são leves e facilmente dispersadas pelo vento;

  • rizomas que garantem a recuperação da parte aérea do capim-amargoso após a roçada ou aplicação de herbicidas;

  • casos de resistência.


Plantas de capim-amargoso perenizadas no campo. 

Fotos: Ana Ligia Giraldeli.


Casos de resistência no Brasil e no mundo


No mundo foram relatados 5 casos de biótipos de capim-amargoso resistentes a herbicidas, 3 destes casos são no Brasil.


País

Ano

Cultura

Herbicida

Mecanismo de ação

Paraguai

2005

milho, algodão, soja e girassol

glyphosate

EPSPs

Brasil

2008

milho e soja

glyphosate

EPSPs

Argentina

2014

soja

glyphosate

EPSPs

Brasil

2016

soja

fenoxaprop e haloxyfop

ACCase

Brasil

2020

soja

glyphosate, fenoxaprop e haloxyfop

EPSPs e ACCase


O ideal para o controle de capim-amargoso é que ele ainda seja pequeno, com no máximo 2 perfilhos.


Lembre-se que plantas adultas é mais difícil o controle, e no caso do capim-amargoso ele possui as estruturas de reservas (rizomas), onde os herbicidas precisarão chegar em quantidade suficiente para matar a planta.


Por isso, no caso de plantas perenizadas você irá precisar fazer aplicações sequenciais, para que esgote as reservas da planta e, assim, evite a rebrota. 


Vejam que há casos de resistência a glyphosate e graminicidas, por isso é importante o uso de herbicidas em pré-emergência, além da rotação de ingredientes ativos e de mecanismos de ação. 


A rotação de culturas também ajuda, deixando o solo sempre coberto e usando outros ingredientes ativos. Lembre-se sempre que deixar a área em pousio é a pior estratégia de manejo, pois as plantas estão crescendo, produzindo sementes, o que irá para o banco de sementes e causará maiores custos no controle na próxima safra.


Inflorescência do capim-amargoso.

Fotos: Ana Ligia Giraldeli.


Manejo de capim-amargoso na entressafra


Aplicação sequencial para controle de capim-amargoso na entressafra


Primeira aplicação: glyphosate + graminicida

Segunda aplicação: glufosinate


Vejam que na primeira aplicação usamos herbicidas sistêmicos e na segunda herbicidas de contato. 


A segunda aplicação é realizada com a rebrota do capim-amargoso entre 10 e 20 cm.


Controle de capim-amargoso com herbicidas pré-emergentes na entressafra


O herbicida diclosulam tem ação residual e pode ser utilizado para controlar o fluxo de germinação do banco de sementes do solo. Ele pode ser utilizado no manejo outonal, na primeira aplicação, junto com os herbicidas glyphosate e graminicidas.


O herbicida flumioxazin também tem ação residual, portanto podendo ser utilizado na primeira aplicação no manejo outonal, junto com o glyphosate e graminicidas.


O herbicida s-metolachlor é uma boa opção para o controle em pré-emergência no sistema aplique-plante da soja. Além disso, também possui ação residual, controlando os fluxos de emergência.  


O herbicida trifluralin tem ação residual, podendo ser usado na primeira aplicação do manejo outonal, junto com glyphosate e graminicidas.  


Identificando o capim-amargoso florescido e perenizado.


Controle de capim-amargoso em pós-emergência no manejo de entressafra


O herbicida clethodim (graminicida) pode ser utilizado junto com o glyphosate. Um ótimo controle pode ser alcançado se as plantas estiverem com no máximo 2 perfilhos. 


O herbicida haloxyfop (graminicida) também pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial junto com o glyphosate, quando as plantas estiverem com no máximo 2 perfilhos. 


O herbicida glufosinate pode ser utilizado em plantas com até 2 perfilhos, quando o capim-amargoso é originário de sementes, ou ainda no manejo sequencial para ajudar no controle da rebrota.


Controle de capim-amargoso em soja e milho


Na cultura da soja, o controle em pós-emergência da cultura e do capim-amargoso, pode ser feito com o uso de graminicidas (Inibidores da ACCase). Caso a soja seja tolerante ao glyphosate, podemos associar este herbicida com o graminicida.


Para o controle do capim-amargoso em pré-emergência da planta daninha e da soja, podemos utilizar diclosulam, flumioxazin ou s-metolachlor.  


Na cultura do milho, para o controle em pré-emergência do capim-amargoso e da cultura, podemos utilizar os herbicidas trifluralin, isoxaflutole ou s-metolachlor.


Já, na pós-emergência do milho e do capim-amargoso, com as plantas daninhas ainda pequenas (pós-emergência precoce) algumas opções são os herbicidas mesotrione, tembotrione ou nicosulfuron. Ou ainda a possibilidade de haloxyfop ou glufosinate em pós-emergência de milho tolerante a estes herbicidas. 


Principais características do capim-amargoso.


Conclusão


No texto de hoje você aprendeu a identificar e controlar o capim-amargoso.


Vimos também porque é uma planta daninha que está sendo difícil controlar e exemplos de herbicidas que podemos utilizar no manejo.


A principal dica que posso deixar aqui é para não deixar o controle do capim-amargoso somente em pós-emergência quando estiver perenizado. 


O manejo de entressafra e o uso de herbicidas em pré-emergência são as ferramentas necessárias para o controle. 



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