Classificação dos herbicidas



No texto de hoje vamos entender como os herbicidas são classificados.


Os herbicidas podem ser classificados de acordo com a seletividade, quanto à época de aplicação, quanto à translocação e quanto ao mecanismo de ação.

 

Classificação dos herbicidas quanto a seletividade

 

Quanto à seletividade, os herbicidas podem ser seletivos ou não seletivos. 

 

Herbicidas seletivos: são aqueles que, dentro de determinadas condições, são mais tolerados por uma determinada espécie ou variedade de plantas do que por outras.

 

Exemplo: 2,4-D para a cana-de-açúcar; atrazine para o milho; fomesafen para o feijão; imazethapyr para a soja.

 

A seletividade é sempre relativa, pois depende do estádio de desenvolvimento das plantas, das condições climáticas, do tipo de solo e da dose aplicada.

 

Herbicidas não-seletivos: são aqueles que atuam indiscriminadamente sobre todas as espécies de plantas. 

 

Normalmente são recomendados para uso como dessecantes ou em aplicações dirigidas. 

 

Exemplos: diquat, glyphosate e glufosinate.

 

Entretanto, por meio da biotecnologia, é possível tornar um herbicida não seletivo a seletivo para determinada espécie; exemplo: a soja transgênica resistente ao glyphosate.

 

Classificação dos herbicidas quanto à época de aplicação

 

Quanto à época de aplicação, os herbicidas podem ser aplicados em pré-plantio e pós-plantio.

 

Pré-plantio

 

Quando o herbicida é muito volátil (alta pressão de vapor), de solubilidade muito baixa em água e, ou, fotodegradável, ele precisa ser incorporado ao solo. Portanto, ele deve ser aplicado antes do plantio, como é o caso da formulação mais antiga de trifluralin. 

 

Quando aplicado após o preparo do solo e incorporado antes do plantio, diz-se que este herbicida é aplicado em PPI, ou seja, aplicado em pré-plantio e incorporado. 

 

No sistema de plantio direto (cultivo mínimo), alguns herbicidas também devem ser aplicados antes do plantio da cultura.

 

Nesse caso são produtos não-seletivos, que possuem curto efeito residual e quase sempre são utilizados como dessecantes. Alguns exemplos são o glyphosate e o diquat.

 

Nessas aplicações é possível misturar outro produto para garantir o residual, com o objetivo de garantir o controle inicial das plantas daninhas. Alguns exemplos são flumioxazin, imazaquin, chlorimuron, imazethapyr, metribuzin, entre outros.

 

Pós-plantio

 

Os herbicidas aplicados em pós-plantio da cultura devem ser aplicados em pré ou em pós-emergência das culturas ou das plantas daninhas. 

 

Quando os herbicidas são absorvidos apenas pelas folhas, eles somente devem ser aplicados em pós-emergência das plantas daninhas, pois muitas vezes, apesar de penetrarem também pelas raízes, quando atingem o solo, são desativados (sorvidos - ligados aos coloides do solo). 

 

Quando o produto não é seletivo para cultura, devem ser aplicados antes da emergência (pré-emergência) desta ou de forma dirigida às entrelinhas sem contato com as folhas da cultura.

 

Já, quando o herbicida é seletivo para a cultura, ele pode ser aplicado em pós-emergência das plantas daninhas e da cultura.

 

Exemplo: graminicidas em tomate, feijão e soja, nicosulfuron em milho, metsulfuron em trigo, entre outros.

 

Caso o  herbicida seja absorvido pelas folhas e raízes, a sua aplicação em pré ou pós-emergência vai depender da tolerância da cultura e das condições nas quais ele apresenta melhor desempenho.

 

Classificação dos herbicidas quanto a translocação

 

Quanto à translocação os herbicidas podem ser de contato ou sistêmicos.

 

Herbicidas de contato

 

Os herbicidas podem ser de contato quando atuam próximo ou no local onde eles penetram nas plantas.

 

Exemplos: Inibidores do Fotossistema I (diquat), Inibidores da PROTOX (lactofen, fomesafen) e Inibidores da GS (glufosinate).

 

Herbicidas sistêmicos

 

Os herbicidas também podem se movimentar nas plantas pelo xilema, pelo floema ou por ambos. 

 

Quando a translocação do herbicida é via floema ou floema e xilema, ele é considerado sistêmico.

 

Os herbicidas sistêmicos são capazes de se translocar a grandes distâncias na planta.

 

Alguns exemplos: 2,4-D, glyphosate, imazethapyr, nicosulfuron, picloram, entre outros.

 

Quando utilizados em doses muito elevadas, podem apresentar ação de contato. 

 

Neste caso, a ação do produto pode ser mais rápida, porém com efeito final menor, porque a morte rápida do tecido condutor (floema) limita a chegada de dose letal do herbicida a algumas estruturas reprodutivas das plantas.

 

Classificação dos herbicidas de acordo com o mecanismo de ação

 

Antes de vermos a classificação é importante que você saiba a diferença entre modo de ação e mecanismo de ação.


Modo de ação: refere-se à sequência completa de todas as reações que ocorrem desde o contato do produto com a planta até a sua morte ou ação final do produto.

 

Mecanismo de ação: é a primeira lesão bioquímica ou biofísica que resulta na morte ou ação final do produto.

 

Abaixo fiz uma tabela para vocês com os herbicidas divididos pelo mecanismo de ação.

 

Mecanismo de ação

Herbicidas

Inibidores da ACCase

clethodim, sethoxydim, profoxydim, tepraloxydim, fenoxaprop, haloxyfop, propaquizafop, cyhalofop, clodinafop, fluazifop e quizalofop.

Inibidores da ALS

diclosulam, imazapic, imazapyr, imazethapyr, imazamox, imazaquin, chlorimuron, azinsulfuron, cloransulam, penoxsulam, metsulfuron, nicosulfuron, trifloxysulfuron, pyroxsulam, sulfometuron, pyrithiobac, bispyribac, ciclossulfamuron, halosulfuron, ethoxysulfuron, flumetsulam, iodosulfuron e pyrazosulfuron. 

Inibidores do Fotossistema I (FSI)

diquat

Inibidores do Fotossistema II (FSII)

ametryn, atrazine, amicarbazone, diuron, metribuzin, hexazinone, linuron, tebuthiuron, propanil, simazina, prometryn, bentazon e metamitron.

Inibidores da PROTOX

sulfentrazone, saflufenacil, fomesafen, lactofen, carfentrazone, flumiclorac, flumioxazin, acifluorfen, pyraflufen, oxadiazon e oxyfluorfen.

Inibidores da síntese do caroteno

clomazone, tembotrione, isoxaflutole e mesotrione

Inibidores da EPSPs

glyphosate

Inibidores da GS

glufosinate

Inibidores da formação dos microtúbulos

pendimethalin e trifluralin

Inibidores da divisão celular

s-metolachlor, alachlor e acetochlor

Inibidores da biossíntese de celulose

indaziflam e quinclorac (gramíneas)

Auxinas Sintéticas (Mimetizadores da auxina)

2,4-D, dicamba, picloram, MCPA, quinclorac (em folhas largas), triclopyr, florpyrauxifen e fluroxypyr. 

Desconhecidos

MSMA

ACCase: Acetil CoA carboxilase; ALS: acetolactato sintase; PROTOX: protoporfirinogênio oxidase; EPSPs: enol piruvil shiquimato fosfato sintase; GS: glutamina sintetase.

 

Por que saber a classificação dos ingredientes ativos de acordo com o mecanismo de ação?

 

Saber qual o mecanismo de ação do produto vai lhe ajudar a rotacionar os ingredientes ativos.

 

Sabendo o mecanismo de ação você lembrará de características comuns destes produtos, o que vai lhe ajudar na hora da escolha de qual herbicida utilizar.

 

Entender sobre o mecanismo de ação te ajuda a posicionar o herbicida da forma correta.

 


Conclusão

 

No texto de hoje você aprendeu como os herbicidas são classificados.

 

Vimos quatro classificações: quanto a seletividade, modo de aplicação, translocação e mecanismo de ação.

 

Gostou do texto? Tem mais dicas sobre a classificação dos herbicidas? Adoraria ver o seu comentário abaixo!

 

 



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