Adjuvantes na Agricultura



Neste texto trouxe para você informações sobre o que são os adjuvantes, qual a importância deles e como são classificados.

No próximo texto vou trazer exemplos de produtos adjuvantes na agricultura.

Os adjuvantes podem ser classificados de diversas formas, porém, a mais utilizada é a divisão em relação às suas funções, sendo dois tipos primários: ativadores e modificadores de calda.

Os adjuvantes ativadores elevam a atividade do herbicida, muitas vezes por aumento das taxas de absorção do herbicida na planta-alvo.

Quando adicionados ao tanque de pulverização, aumentam a atividade do herbicida.

Os adjuvantes modificadores de calda são adicionados para melhorar a aplicação da formulação às plantas-alvo, sendo que não aumentam diretamente a atividade do herbicida e, sim, alteram as propriedades físicas ou químicas da calda de modo a torná-la mais fácil de aplicar à planta-alvo. Também minimizam os efeitos indesejados.

Adjuvantes ativadores: surfactantes

Os surfactantes são os adjuvantes mais utilizados.

Possuem caráter anfifílico, pois cada molécula surfactante tem tanto uma parte hidrofílica (“amiga da água”) quanto uma parte lipofílica (“amiga do óleo”).

Em herbicidas são usados em formulações líquidas e sólidas para aplicação em meio aquoso, como também adicionados à calda do tanque de aplicação.

Os surfactantes tem como objetivo reduzir a tensão superficial da gota pulverizada.

Isso acaba facilitando a absorção do herbicida na planta, alterando a estrutura cristalina e a viscosidade das ceras sobre a superfície das folhas e do caule, de modo que eles são mais facilmente penetrados pelo herbicida. 

Os produtos do tipo adjuvante agrícola surfactante podem ser divididos em 4 classes:

  • Aniônicos;

  • Catiônicos;

  • Não iônicos;

  • Anfotéricos.

Surfactantes aniônicos 

São utilizados em formulações herbicidas, isolados ou em misturas com não iônicos. 

Se dissociam em água, e a porção ativa da molécula, a qual contém o segmento hidrofílico e lipofílico, é um ânion.

Assim, a dissociação do surfactante aniônico resulta em um ânion anfifílico e um cátion, geralmente um metal alcalino (K+, Na+). 

Anfifílico: origem orgânica ou inorgânica que possui em sua estrutura química uma parte polar e hidrofílica e outra apolar e hidrofóbica. É capaz de promover a interação entre meios que apresentam polaridade diferente como, por exemplo, água e óleo.

Surfactantes catiônicos

Em água se dissociam em um cátion e um ânion anfifílico.

O cátion é composto por nitrogênio quaternário, por isso geralmente são conhecidos como sais de quaternários de amônio

Possuem alto custo, fraco poder detergente, precipitam na presença de sais e geralmente são fitotóxicos.

Surfactantes não iônicos

Não se ionizam ou dissociam na água, por isso são os mais utilizados. 

Não reage com os sais ou as moléculas herbicidas presentes na água.

Consequentemente, não é influenciado pela “água dura”, isto é, não forma sais insolúveis com cálcio, magnésio ou íons férricos.

Surfactantes anfotéricos

Exibe ambas as dissociações, aniônicas e catiônicas.

Um surfactante anfotérico comumente utilizado é a lecitina (fosfatidilcolina), que é derivada a partir da soja. 

Adjuvantes ativadores: óleos

Aumentam a penetração dos herbicidas lipossolúveis em plantas.

São comumente usados em condições de alta temperatura e baixa umidade, ou quando a cutícula da folha é espessa. 

Quando um adjuvante de óleo é combinado com água, um emulsionante tensoativo também deve ser adicionado, o que distribui as gotículas de óleo uniformemente em toda a mistura. 

São derivados do refino de petróleo (mineral), e a partir de óleos vegetais (incluindo óleos de sementes).

Adjuvantes ativadores: óleos minerais

São altamente refinados.

Muitas vezes utilizados como transportadores de herbicidas lipossolúveis. 

Reduzem a tensão superficial, aumentam a molhagem e espalhamento, aumentam a absorção, melhoram a resistência ao escorrimento após a aplicação.

Podemos citar dois tipos de óleos minerais: óleos parafínicos e naftalênicos. 

Os óleos parafínicos promovem trincas na cutícula, permitindo o aumento da penetração de herbicidas.

Adjuvantes ativadores: óleos vegetais

São óleos de origem vegetal (de soja, algodão etc.).

Diminuem a tensão superficial, mas não são tão eficazes quanto outros tensoativos. 

São geralmente de dois tipos: os triglicerídeos ou óleos metilados. 

Os triglicerídeos são essencialmente óleos surfactantes híbridos e são geralmente chamados de “óleos de sementes”. São extraídos de plantas por prensagem ou com solventes, e tendem a ter maior viscosidade do que os óleos metilados. 

Os óleos de triglicerídeos contêm geralmente apenas 5 a 7% de tensoativo emulsionante. 

Os óleos de sementes metilados contêm surfactante de 10 a 20%.

Óleos de sementes Metilados (MSO) são melhores do que os solventes à base de petróleo. 

A composição desses óleos varia dependendo da fonte de sementes.

Tendem a ser mais caros do que outros adjuvantes. 

Adjuvantes ativadores: fertilizantes nitrogenados

Os fertilizantes nitrogenados (amônio) são muitas vezes adicionados à calda herbicida e funcionam tanto para melhorar os efeitos herbicidas quanto como adubo para a cultura de interesse. 

Fertilizantes de amônio podem funcionar como modificadores de calda, uma vez que ajudam a evitar a formação de precipitados no tanque. 

Diminuem a tensão superficial, aumentam a difusão do herbicida sobre a superfície da folha, neutralizam cargas iônicas e aumentam a penetração do herbicida na folha. 

Exemplos de fertilizantes nitrogenados utilizados como adjuvantes: nitrato de amônio, sulfato de amônio, uréia e polifosfato de amônio. 

Usados para aumentar a atividade de herbicidas ácidos fracos em pós-emergência (aumento da absorção). 

O sulfato de amônio é utilizado para reduzir o antagonismo de íons da água dura em soluções de pulverização. 

Os íons de ferro, zinco, magnésio, sódio, potássio e cálcio podem reagir com certos herbicidas (como 2,4-D e glyphosate) para formar precipitados ou sais herbicidas, diminuindo sua eficácia. 

Adjuvante modificador de calda: molhantes

Reduzem a tensão superficial da gota pulverizada e permitem que a formulação herbicida forme uma camada fina nas folhas e caules da planta-alvo.

Alguns agentes molhantes afetam apenas as propriedades físicas das gotas de pulverização e não o comportamento da formulação quando em contato com as plantas.

Adjuvante modificador de calda: corantes

A presença de um corante facilita a visualização de onde o herbicida foi aplicado, onde gotejou. 

Adjuvante modificador de calda: agentes espessantes

Exemplos: polímeros de água dilatáveis, celuloses de hidroxietil e/ou gomas de polissacarídeos.

Modificam a viscosidade de soluções de pulverização.

Usados para reduzir a deriva (aplicações aéreas). 

A compatibilidade do agente espessante com a mistura de tanque  pode ser influenciada pelo pH, temperatura e/ou o teor de sal da solução de reservatório. 

Seu uso é feito normalmente em áreas onde as populações sensíveis ou culturas estão crescendo cercadas de áreas tratadas. 

Adjuvante modificador de calda: agentes adesivos

São utilizados para reduzir as perdas a partir das plantas-alvo em virtude da evaporação ou escorrimento das gotículas a partir da superfície. 

Adesivos mantêm o herbicida em contato com os tecidos da planta e, portanto, aumentam a resistência ao serem lavados pela chuva ou derrubados por contato físico. 

São geralmente os mais úteis com pó molhável seco e formulações granulares. 

Exemplos: formadores de filme, resinas vegetais emulsionáveis, óleos minerais, óleos vegetais emulsionáveis, ceras e polímeros solúveis em água.

Os óleos podem também funcionar como adesivos, mas somente os de baixo grau de volatilidade.

Adjuvante modificador de calda: condicionadores

Adicionados quando a água utilizada na formulação da calda é rica em sais.

Objetivo de minimizar ou evitar reações entre íons na solução de pulverização e o herbicida, o que resultaria na formação de precipitados ou sais. 

Quando existem muitos cátions presentes, como na água dura, estes reagem com o herbicida, diminuindo a absorção e seus efeitos. 

Níveis elevados de cálcio em água podem reduzir a eficácia do glyphosate. 

Bicarbonato de sódio reduz a eficácia do sethoxydim. 

Um condicionador de água, como o sulfato de amônio, impede esse efeito tanto do glyphosate quanto para sethoxydim.

Adjuvante modificador de calda: agentes de compatibilidade

Evitam interações químicas e/ou físicas entre diferentes herbicidas e fertilizantes que podem levar a misturas não homogêneas ou não aplicáveis.

Os agentes de compatibilidade são usados para manter esses herbicidas em suspensão.

Adjuvante modificador de calda: reguladores de pH

O pH desempenha um grande papel na eficácia do herbicida. 

O pH da mistura de tanque afeta a meia-vida, a solubilidade, a eficácia do herbicida e a precipitação do mesmo.

Os reguladores de pH ajustam ou tamponam o pH para melhorar a dispersão do herbicida, a solubilização na mistura, controlar seu estado iônico e aumentar a compatibilidade da mistura no tanque. 

Adjuvante modificador de calda: umectantes

Mantêm a umidade do depósito de pulverização.

Prolongam o tempo disponível para a absorção. 

Assim como os adesivos, aumentam a quantidade de tempo em que o herbicida fica sobre a folha, de uma forma disponível para absorção. 

Quando a água se evapora a partir da gota de pulverização, o herbicida torna-se um resíduo cristalino, que já não está disponível para a captação para a folha. 

Umectantes são os materiais solúveis em água que não são rapidamente evaporados depois de secar a porção aquosa da pulverização, pois retêm umidade a partir do ambiente. 

Exemplos: glicerina, propileno, glicol, dietileno glicol, polietileno e ureia. 

Adjuvante modificador de calda: antiespumantes

Reduzem a formação de espuma nos tanques de pulverização. 

Eles reduzem a tensão superficial e rompem as bolhas de ar, enfraquecendo a estrutura da espuma.

Adjuvante modificador de calda: absorventes de UV

A luz natural do sol e a luz ultravioleta podem degradar alguns herbicidas. 

Poucos adjuvantes que protegem os herbicidas a partir do efeito deletério da luz estão disponíveis, atuando por meio de processos físicos ou químicos, tais como através do aumento da taxa de captação do herbicida pela cutícula ou por absorverem a luz UV.

Conclusão

No texto de hoje você aprendeu mais sobre os adjuvantes utilizados na agricultura.

Vimos que são classificados em adjuvantes ativadores e os modificadores de calda.

Dentro dos adjuvantes ativadores vimos os surfactantes (aniônicos, catiônicos, não iônicos e anfotéricos), óleos (minerais e vegetais) e os fertilizantes nitrogenados.

Dentro dos adjuvantes modificadores de calda vimos os molhantes, corantes, agentes espessantes, absorventes de UV, antiespumantes, umectantes, reguladores de pH, agentes de compatibilidade e condicionadores.


 

Referências: Aspectos da biologia e manejo das plantas daninhas / organizado por Patrícia Andrea Monquero – São Carlos: RiMa Editora, 2014.

Sobre a autora: Ana Ligia Giraldeli, Sou Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar), Doutora em Fitotecnia (USP/ESALQ). Especialista em Agronegócios (USP/ESALQ/PECEGE). Criadora do Projeto Plantas Daninhas do Agro.


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