Herbicidas inibidores da ALS


O mecanismo de ação dos herbicidas Inibidores da ALS (acetolactato sintase) é representado pelos herbicidas bispyribac, cloransulam, chlorimuron, diclosulam, ethoxysulfuron, cyclosulfamuron, flumetsulam, imazamox, imazapic, imazapyr, imazethapyr, imazaquin, trifloxysulfuron, pyroxsulam, pyrithiobac, pyrazosulfuron, iodosulfuron, nicosulfuron, penoxsulam e metsulfuron.


Nervuras avermelhadas na parte de baixo da folha são sintomas de herbicidas da ALS.

Grupos químicos:

Imidazolinonas: imazamox, imazapic, imazapyr, imazethapyr e imazaquin;
Sulfoniluréias: chlorimuron, ethoxysulfuron, cyclosulfamuron, trifloxysulfuron, pyroxsulam, pyrazosulfuron, iodosulfuron,-nicosulfuron e metsulfuron;
Triazolopirimidinas: cloransulam, diclosulam, flumetsulam e penoxsulam;
Pirimiditiobenzoatos: pyrithiobac e bispyribac.


Fonte: HRAC.

Principais características dos herbicidas inibidores da ALS

Os herbicidas desse mecanismo de ação representam um dos grupos mais importantes comercializados atualmente.

São seletivos para muitas culturas.

Têm elevada eficácia em doses baixas.

São utilizados para o controle de gramíneas e folhas largas.

A absorção dos herbicidas é rápida (folha, caule e raiz).

A translocação dos produtos é por meio do xilema e floema (apossimplástica).

Possuem atividade no solo e nas folhas, por isso nesse mecanismo de ação você vai encontrar produtos que são usados em pré e/ou pós-emergência.

A paralisação do crescimento das plantas tratadas com estes herbicidas ocorre poucas horas após a aplicação, mas a morte das plantas pode levar até semanas.

A atuação destes produtos é através do bloqueio da síntese de aminoácidos leucina, valina e isoleucina.

Os herbicidas do grupo químico das imidazolinonas apresentam antagonismo com 2,4-D.

Alguns produtos apresentam sinergismo com inseticidas organofosforados e adubação nitrogenada.

São produtos com média adsorção aos coloides do solo e, com persistência no solo variável.


Foto: sintomas de ethoxysulfuron em Cyperus rotundus (vaso da esquerda). No vaso da direita, testemunha sem aplicação.

Como ocorre o controle das plantas daninhas?

Os herbicidas Inibidores da ALS, atuam inibindo a enzima acetolactato sintase (ALS). Com a inibição da enzima ALS, não há formação dos aminoácidos ramificados valina, leucina e isoleucina. Com isso, ocorre a interrupção da síntese proteica, que, por sua vez, interfere na síntese do DNA e no crescimento celular.

Veja pela figura abaixo que para a produção dos aminoácidos valina e leucina é preciso a catalisação da reação de dois piruvatos para acetolactato. Já, para a produção de isoleucina é preciso a reação de piruvato com cetobutirato para produzir aceto-hidroxibutarato.

Essa reação são catalisadas pela enzima ALS, que quando inibida pelo herbicida não consegue mais desempenhar a sua função.

Fonte: Vargas et al. (2016)

As plantas, após a exposição ao herbicida, tornam-se cloróticas, definham e morrem.

A morte das plantas ocorre entre 7 a 14 dias após a aplicação dos herbicidas.

A paralisação do crescimento ocorre de uma a duas horas após a aplicação.


Os sintomas aparecem após vários dias e iniciam com a murcha das partes jovens da planta.

Em plantas de folha larga podem ser vistas a presença de nervuras avermelhadas na parte de baixo das folhas.

Encurtamento da raiz principal e proliferação de raízes laterais (“escova de limpar garrafas”).

Nas gramíneas ocorre redução do comprimento dos entrenós e espessamento do colmo.


Foto: sintomas de herbicida inibidor da ALS em cana-de-açúcar.

Casos de resistência no Brasil e no mundo!

No mundo estão registrados 167 espécies de plantas daninhas resistentes a este mecanismo de ação.

No Brasil, existem 30 espécies relatos de resistência a este mecanismo de ação, relacionados as espécies de plantas daninhas:

Bidens pilosa;
- Euphorbia heterophylla;
Bidens subalternans;
- Sagittaria montevidensis;
Cyperus difformis;
Fimbristylis miliacea;
Raphanus sativus;
Parthenium hysterophorus;
Oryza sativa var. sylvatica;
Echinochloa crus-galli var. crus-galli;
Lolium perenne ssp. multiflorum;
Conyza sumatrensis;
Amaranthus retroflexus;
Amaranthus viridis;
Raphanus raphanistrum;
Ageratum conyzoides;
Cyperus iria;
Echium plantagineum;
Amaranthus palmeri;
Amaranthus hybridus (syn: quitensis).

Planta daninha

Ano

Herbicida

Bidens pilosa

1993

chlorimuron, imazaquin, imazethapyr, nicosulfuron e pyrithiobac

Euphorbia heterophylla

1993

chlorimuron, cloransulam, imazamox, imazaquin e imazethapyr

Bidens subalternans

1996

chlorimuron, imazethapyr e nicosulfuron

Sagittaria montevidensis

1999

bispyribac, cyclosulfamuron, ethoxysulfuron, metsulfuron e pyrazosulfuron

Cyperus difformis

2000

cyclosulfamuron e pyrazosulfuron

Fimbristylis miliacea

2001

pyrazosulfuron

Raphanus sativus

2001

chlorimuron, cloransulam, imazethapyr, metsulfuron e nicosulfuron

Euphorbia heterophylla

2004

acifluorfen, cloransulam, diclosulam, flumetsulam, flumiclorac, fomesafen, imazethapyr, lactofen, metsulfuron, nicosulfuron e saflufenacil

Parthenium hysterophorus

2004

chlorimuron, cloransulam, foramsulfuron, imazethapyr e iodosulfuron

Oryza sativa var. sylvatica

2006

imazapic e imazethapyr

Bidens subalternans

2006

atrazine, foramsulfuron e iodosulfuron

Echinochloa crus-galli var. crus-galli

2009

bispyribac, imazethapyr, penoxsulam e quinclorac

Sagittaria montevidensis

2009

bentazon, bispyribac, ethoxysulfuron, imazethapyr, metsulfuron, penoxsulam e pyrazosulfuron

Lolium perenne ssp. multiflorum

2010

iodosulfuron

Conyza sumatrensis

2011

chlorimuron

Conyza sumatrensis

2011

chlorimuron e glyphosate

Amaranthus retroflexus

2012

pyrithiobac e trifloxysulfuron

Raphanus raphanistrum

2013

chlorimuron, cloransulam, imazapic, imazapyr, iodosulfuron, metsulfuron e sulfometuron

Ageratum conyzoides

2013

pyrithiobac e trifloxysulfuron

Cyperus iria

2014

bispyribac, imazapic, imazethapyr, penoxsulam e pyrazosulfuron

Echium plantagineum

2015

metsulfuron

Echinochloa crus-galli var. crus-galli

2015

cyhalofop, penoxsulam e quinclorac

Amaranthus palmeri

2016

chlorimuron, cloransulam, glyphosate e imazethapyr

Bidens pilosa

2016

atrazine e imazethapyr

Lolium perenne ssp. multiflorum

2016

clethodim e iodosulfuron

Lolium perenne ssp. multiflorum

2017

glyphosate, iodosulfuron e pyroxsulam

Conyza sumatrensis

2017

chlorimuron, glyphosate e paraquat

Amaranthus hybridus (syn: quitensis)

2018

chlorimuron e glyphosate

 

* em amarelo estão os casos de resistência múltipla, quando o biótipo de planta daninha é resistente a dois ou mais mecanismos de ação diferentes.

Abaixo separei para vocês os herbicidas desse mecanismo de ação, separados por grupo químico, alguns exemplos de produtos comerciais e culturas em que há registro do ingrediente ativo.

Lembrando que herbicida registrado não quer dizer seletivo para a cultura. A seletividade depende de outros fatores como dose e modo de aplicação, por isso sempre consulte a bula do produto e o Agrônomo. 

Herbicidas inibidores da ALS: sulfoniluréias.

 Herbicidas inibidores da ALS: imidazolinonas

 

 Herbicidas inibidores da ALS: triazolopirimidinas

 Herbicidas inibidores da ALS: pirimiditiobenzoatos

Conclusão

Hoje você aprendeu sobre as características gerais dos herbicidas inibidores da ALS.

É importante sabermos os herbicidas de cada mecanismo de ação para podermos realizar a rotação de ingredientes ativos.

Quando você sabe as principais características do mecanismo de ação, fica mais fácil escolher qual produto utilizar na sua lavoura.

Lembre-se sempre que para um bom manejo de plantas daninhas é essencial a rotação de culturas, rotação de mecanismo de ação de herbicidas, estratégias de controle preventivo e cultural, como palha, limpeza de máquinas e implementos agrícolas, plantio no limpo e manejo de entressafra.

Gostou do texto? Tem mais dicas sobre os herbicidas inibidores da ALS? Adoraria ver o seu comentário abaixo!

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